Locutor Profissional Pedro Lopes

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Radialista Pedro Lopes

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

LUCAS, O FILHO DE CABOCLO

Homenagem de Antonio Rodrigues ao seu filho Lucas Evangelista

Versos Lindos de um Pai

Não há como ficar distante do sofrimento da família em um momento tão difícil como esse: A perda de um filho.
Seu Caboclo, homem simples, com uma história de vida bonita e muito respeito por conta de sua conduta, homem de Fé em Deus, e seus versos demonstram a sua sensibilidade diante da dor, da perda de seu filho, querido "Luquinha".
Esse Cordel retrata com emoção a dor, mas acima de tudo o Amor de um Pai pelo filho amado.
Seu Caboclo descreve os últimos momentos do filho, como se ele estivesse o tempo todo ao lado dele, conta com uma riqueza de detalhes, que a gente consegue visualizar toda a tragédia que aconteceu com o rapaz, ao lado de sua namorada. 
Não tem como não se emocionar com o acontecido e, ao mesmo tempo, dizer a Seu Caboclo: "Seus versos são lindos, pois vieram do coração de um Pai que perdeu o filho, mas eternizou a sua história."

Luis Antonio Gomes
Editor do Jornal Correio Ibiapaba

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O FILHO DE CABOCLO


Grande Deus Onipotente
Peço para me ajudar
Escrever uma história
De um rapaz popular
Era querido de todos
Moradores do lugar.

Esta é a segunda história
Feita de minha autoria
Vou Guiado por Jesus
Pra me dar sabedoria
Embora a história é triste
Nela não tem alegria.

Pra escrever a história
Estou pedindo ao Criador
A história é muito triste
Tristeza, pranto e horror
Sou obrigado a contar
Embora com muita dor.

Pra escrever a  história
Tem que ser inteligente
Escrever com cuidado
E que não falte repente
Porque o mesmo trabalho
É lido por muita gente.

É muito duro um pai
Contar uma história assim
Mas eu vou ver se consigo
Contar tim-tim por tim-tim
Pedindo que Jesus Cristo
Fique bem perto de mim.

A história é assim
Se não me sai da minha lembrança
De Lucas Evangelista
Parecia uma criança
Vinte e dois anos de idade
Para todos de confiança.

A história que vou contar
Se não sai da minha mente
Tenho que escrever correto
E tenho que ser paciente
Darei início ao assunto
Na próxima estrofe da frente.

Nasceu de madrugada
A vinte e seis de setembro
De mil novecentos e noventa
Esta data eu me lembro
Pois já faz bastante dias
Mas não saiu do meu quengo.

Cresceu decentemente
Todos lhe queriam bem
Muito querido dos pais
E de seus irmãos também
E assim seja por Deus
E onde ele tiver amém.

Luquinha já tinha ido
Duas vezes ao Rio de Janeiro
Ficou por lá uns três anos
A fim de ganhar dinheiro
Não achando bom voltou
Para seu lugar verdadeiro.

Distante de dez quilômentros
Arranjou uma namorada
Em quase toda essa distância
Não existe uma morada
Mesmo assim ele andava
Chegava de madrugada.

Seus pais diziam Luquinha
Tenha bastante cuidado
Tenha bastante Fé em Deus
E pode andar desarmado
Ande no caminho direito
E não caminhe errado.

Luquinha estava certo
Para ir a uma caçada
Dia dez de fevereiro
Junto ao seu camarada
Mas recebe um recado
de Kelly sua namorada.

E dispensou os amigos
Deixando pra outra vez
Se der certo outro dia
Eu irei com vocês
Quem sabe nós marcaremos
E vamos no outro mês.

Luquinha foi convidado
Pela pessoa competente
Para um aniversário
É uma pessoa sua parente
Ele não queria faltar
Pois lá vai ter muita gente.

Nessa você me espera
Como prova de lembrança
Eu indo lá com você
Vou cheio de confiança
E nós dois participamos
Da festinha de criança.

Disse ele pois tá certo
Só falta eu combinar
Com o meu amigo primo
Pra ele lhe esperar
Porque hoje tem um jogo
E eu não posso faltar.

Você pensou muito bem
Seu primo é rapaz direito
Luquinha falou com ele
Ele ficou satisfeito
Luquinha tá tudo bem
Seu pedido tá aceito.

Dia 10 de fevereiro
Disse ele meu amor
São oito e meia da noite
A festa já começou
E na garupa da biz
A namorada se montou.

Chegando no aniversário
A moçada animada
Luquinha dizia prosa
A turma em gargalhada
E ele bem satisfeito
Pertinho de sua amada.

Quando a festa terminou
Era quase de madrugada
Saíram os dois conversando
Ela com ele abraçada
Saíram caminhando
Entraram numa porta errada.

Tavam eles no salão
Todos quatro conversando
Quando olharam na porta
Dois motoqueiros chegando
Luquinha nunca pensou
Que eles estavam marcando.

Luquinha disse meninos
Vumbora sair daqui
Porque é de madrugada
Vamos embora dormir
Saíram todos pra fora
Despediram do Demir.

Mas como tinha chovido
A biz estava molhada
Luquinha bateu na cela
Fez uma pequena zuada
Para tirar toda água
Porque estava encharcada.

Luquinha disse aos primos
Meninos vão empurrando
A minha biz devagar
Pra nós irmos conversando
Ele abraçou a namorada
E saíram caminhando.

Iam todos conversando
E ficou o forasteiro
Luquinha com sua querida
Bem no centro do Barreiro
Só não sabia que era 
O seu dia derradeiro.

Saíram pra ir embora
Sua namorada avexada
Ele muito satisfeito
Ela muito apaixonada
Só que não estavam sabendo
Da horrível emboscada.

O criminoso saiu
Pegou a rua principal
Desesperado ele
Vinha na Avenida Central
O Luquinha não sabia
Que ia lhe fazer o mal.

O revólver em movimento
Luquinha e a namorada
Não esperavam o momento
Fez o disparo ele caiu
Com todo padecimento.

Os meninos quando viram
Correram pra salvar
Luquinha caído na rua
Com vontade de falar
E a sua namorada
Em tempo de desmaiar.

Os meninos que viam
Aquele momento ruim
Parece Luquinha dizia
Amigos cuidem de mim
Porque neste momento
Minha vida chegou ao fim.

Fazia sinal nos lábios
A voz não queria sair
Meninos podem ir embora
E deixem eu ficar aqui
Vão lá em casa dê meu recado
Digam aos pais que morri.

O grande acontecimento
Foi as duas da madrugada
O mesmo horário que ele
Nasceu em sua morada
Hoje Luquinha tem 
Sua vida sossegada.

Kelly chorava muito
Junto ao corpo abraçada
Estava ele no chão
Bem pertinho da calçada
E a sua biz ali
Pertinho dele encostada.

Depressa chegou um carro
Levaram para o hospital
Mas chegando lá sem vida
No hospital geral
Às seis horas da manhã 
Levaram para Sobral.

Luquinha descanse em paz
Nesta sua nova vida
Pode ter sido neste mundo
Uma pessoa querida
Que a sua vida eterna
Seja por Deus protegida.

Seis e meia da tarde chegou
Ele já vinha no caixão
E a família chorando
Com uma dor no coração
Entraram com ele em casa
E botaram no salão.

Fizeram fila de gente
Para o corpo olhar
Direto chegava gente
Para a família abraçar
Vinha visitar de longe
A família abraçar.

Vou rogar a meu Pai
O Grande Deus Criador
E seu Filho Jesus Cristo
Nosso Mestre e Redentor
Que acolham Lucas Rodrigues
Com carinho e muito amor.

Mas tudo que tem começo
Um dia tem o seu fim
Onze de fevereiro
de dois mil e doze sim
ocorreu este passado
Que foi muito ruim pra mim.

Meus amigos eu escrevi
Toda a história sem ira
Escrevi ela todinha
O assunto me conspira
Já escrevi a verdade
Nela não botei mentira.

Agora dou uma parada
Pois não saí do roteiro
Minha leitura é pouca
Mas conheço o Brasil inteiro
Através de meus estudos
Lá no Rio de Janeiro.

Já escrevi duas histórias
E nem uma faltou estudo
Tem muita gente que diz
Que papel aguente tudo
Mas eu só falo a verdade
Porque tenho estudo.

Vai este por derradeiro
Vou terminar nesta hora
Que Deus tenha o Luquinha
Lá Reino da Glória
Antonio Rodrigues (diz)
Nós todos vamos embora.

             (Fim)

Radialista Pedro Lopes

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